sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Branco da cidade

Tomara que todos os dias nos cruzássemos com um Jack White à vinda do trabalho. Desejaríamos para sempre que o dia seguinte fosse segunda-feira.
Ainda pensei em lançar um "see ya tomorrow!", mas receei o pretensiosismo.

Nas viagens do resto do dia fingi-me dele mesmo - na sua condição mais turística - e pus-me a observar Lisboa através do vidro como se fosse um outsider (nunca deixarei de ser, na verdade).

É impossível alguém não se deixar absorver por aquilo que vai vendo, e muito improvável que não fique completamente rendido ao encanto daquelas imagens.

Até podem ser tempos de austeridade, mas Lisboa não é, definitivamente, austera. E quase arriscaria dizer que as suas gentes também não, mas o eixo cais do sodré-bairro alto-príncipe real-amoreiras ainda é pouco representativo.
Ainda assim, vê-se o que importa: pessoas acenam e se cumprimentam-se como de se um reencontro após 5 anos de ausência se tratasse; pessoas acabadas de sair do escritório aliviam as suas gravatas para ir tomar uma cerveja à esplanada; pessoas distraem-se da sua leitura para deitar olho e mandar um piropo à moça jeitosa que passa; pessoas rebolam na relva e afagam o dorso do cão com toda a força. Pessoas que, mesmo com tanto sol ao longo do ano, sentem agosto a sério e fazem deste o melhor mês para maravilhar turistas. Tudo corre com descontração. Quando não corre - quando alguém resolve fazer inversão de marcha sobre traço contínuo em hora de ponta -, também tem toda a graça ver as expressões de quem está à volta. Vêm-se mais jovens que em qualquer outra parte da cidade, vê-se mais dinamismo. Mas isso não é novidade nenhuma e existe noutras capitais por esse mundo fora. A diferença é que temos sempre a ponte 25 de Abril ou o Castelo lá atrás, a espreitar, e que, quando sairmos pela porta de trás do autocarro, somos acolhidos nesta atmosfera com a mesma afabilidade. 

Espero também que ele tenha andado por aí depois do triunfo leonino, porque ver pessoas em amena cavaqueira sobre futebol, sem ressentimentos, e ainda com resquícios de uma noite de fervor, não é para todas as ocasiões - e ver um corrimão da marginal cheio de cachecóis verdes e brancos, também não.

O Sr. White pode já rebatizar-se como o Sr. Branco. Eu deixei-me fascinar na vez dele e mudava a minha naturalidade num piscar de olhos (perdoem-me, mas não fui eu que escolhi!)
Se também acabou o dia com um bocejo, ao menos que seja um dos bons, daqueles de coração a transbordar. E que amanhã também assim seja!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

À espera na linha, na linha de espera


Gosto de estações de metro.
Gosto de entrar numa estação de metro e encontrar disto.
Até o resto do dia me pareceu mais agradável...



No meio de greves, atrasos e aumentos, o ML continua a dar-me música, e eu continuo a cair na cantiga.



sábado, 18 de agosto de 2012

Gadjets (com pronúncia francesa)

Decidir sobre a compra de um novo telemóvel devia ser tão fácil quanto escolher o melhor canal de notícias para ver às 6h da manhã.
Devia.
Podia, caso eu não fosse fazer dele meu kit ambulante de primeiros socorros.
Seria, caso eu decidisse seguir o exemplo de uma senhora que há tempos desencantei no elétrico. Durante todo o percurso que fiz, pelo menos - já lá estava antes e continuou depois de sair -, passou o tempo todo a falar/berrar incessantemente ao telemóvel.
Ah, desculpem: "telemóvel". Quando resolveu fechar a tampinha do dito por uns instantes, reparei então que era de brincar, denunciado pelo seu tom cor-de-rosinha e não só. Nenhum embaraço a impediu de o voltar a colocar junto à orelha e continuar a berrar/falar.

Mas acho que não.
Ainda pensei cá para mim: "boa forma de me abstrair dos olhares indiscretos nos transportes", "e assim não corro o risco do telefone começar a tocar enquanto finjo que falo com alguém".

Se a coisa não correr bem, ainda desenrasco uns trocos para ir a um grande armazém oriental. As poucas barbies que tive ainda não estavam adaptadas à era digital...



[Um dia também vou cantar o alfabeto, mas com sotaque quinteiro!]