quinta-feira, 8 de agosto de 2013

742º


O 742, não esqueço, é um autocarro muito peculiar.

É um mix do mau e do pior de Lisboa com uma mística imperdível para quem quer fazer-se à vida.

Serviu-me nas primeiras partidas e chegadas das 6 da manhã, nas passagens mais demoradas pelo El Corte Inglés, nas tão batidas rotinas académicas e, está claro, para visitas não planeadas ao Casalinho (quem é que nunca se distraiu?).





Nesse belo dia de Julho passado, resolvo dar o lugar a uma senhora de experiência superior, que acabara de entrar.
Enquanto o veículo balança, e seus respetivos passageiros, há um cavalheiro que se apodera do lugar e ainda mexe o rabo de satisfação.
Penso logo: "dava aqui jeito o gentleman que mandou comer de boca fechada, para estabelecer alguma ordem..."


Para agravar a minha cara de decepção vs espanto, há um utente da bengala - e que se tinha esquecido da mesma - que entra já descancando a sua laranja.

Depois da banana sem casca e dos amendoins, só faltava mesmo a laranja para adicionar à lista de alimentos práticos para viagens turbulentas.


Até à vista, 42.





[era para ter tempo, mas afinal foi tudo o que não tive... just like a 360º ride to paradise]


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Lost with no Translation


Primeiro fim-de-semana no desemprego que se preze é passado a estorvar dinheiro.






Na Serra de Sintra, sai uma porção de 'cámones' de um táxi, carregados com material de filmagens.

Grandes demoras, muita euforia nos agradecimentos ao taxista, muito thank you very much, mas nenhum "obrigado" com sotaque de caroço de azeitona.

Até podia só acenar, mas a desenvoltura é uma característica que invade qualquer taxista após o ato do pagamento:


"Vocês também são muito simpáticos, é pena é eu não perceber nada do que dizem".





Tanta coisa boa das últimas semanas para aqui escarrapachar.
Tanto tempo agora para o fazer...


[bso para curtas & longas com o cenário da Serra de Sintra]

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Exce(p)ções

É uma pena que nem todos os autocarros da capital tenham entrada adaptada para cadeiras de rodas.

No entanto, é mais ilógico que uma carreira esteja sinalizada com ascensor e depois nos apareça na paragem uma viatura que não o tem.

"Quer ir para onde?"
"Para o Rato."

"Pois,mas esta viatura não tem rampa...
Espere um bocadinho que eu encosto o autocarro ao passeio e ajudo-o a entrar."


Não fosse a boa vontade do motorista e o utente tinha ficado na paragem, à espera do próximo, e depois outro, e mais outro, até chegar um bus com tudo nos conformes.

E quem fala nestas trocas, fala noutras.
Já era tempo, Carris, de cumprires aquilo a que te propões.




'27: best song to think of... cars (exceptionally on this blog) and realise it's all wrong




quarta-feira, 22 de maio de 2013

Dar banho ao cão


"não é permitido o transporte de animais perigosos ou potencialmente perigosos".


Refere-se isto, como é óbvio, aos donos, que entram às molhadas pela porta de trás para não pagar bilhete e não têm vergonha de ir passear os seus bichanos pelos autocarros como se fossem campistas vindos do Sudoeste.





Querem ser 'da natureza'? Ok, tudo tranquilo, mas não há nada mais wild que um banho de mangueira no bóbi. Nem precisa de Pantene.

Depois até podem fumar umas cenas e dar umas corridas todos juntos, eles gostam (das últimas).







'22: best soundtrack for every moment with dogs (specially for baths in the garden)

...e para o meu momento do dia: dois grandalhões a encher-me de baba no meio de uma passadeira. Nestas alturas o semáforo podia encalhar no verde para peões :)



sábado, 18 de maio de 2013

A evolução das espécies

Já aqui tínhamos falado sobre bananas no metro.

Falemos então sobre amendoins no autocarro. Daqueles com casca e tudo.

É a papa para bebés mais cómoda para viagens na Av. 24 de Julho, segundo uma mãe (pelo ar perdido, era "de fora") com dois rebentos, cada um no seu carrinho.

Ela, de pé, descascava (e debulhava) os ditos e dava-os à mão das crianças, qual macaco na hora da refeição.

Foi bonito? Foi, mas aquela travagem brusca que não aconteceu podia ter resultado em pasta de amendoim.

Andar de pé no autocarro não é peanuts.








'18: best ballad for drunks and their depressive roles (or the only way I would not complain)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Uma Soneca Solitária

Tem-se ouvido falar dos motoristas da Carris. Diz que desmaiam, andam mal-nutridos, psicologicamente abatidos.

Podiam-se fazer agora uma série de comentários sobre isto, mas não vou fingir que os sei fazer só porque lhes dou os "bons dias" todas as manhãs e lhes tiro a medida ao pólo azul de inverno.


Só sei que, hoje, um deles tirava uma soneca nos bancos traseiros.

Pois claro que sim, o autocarro só devia partir daí a 10 minutos, e nuestros hermanos diriam que uma siesta após o almoço só traz benefícios à condução. Não confirmo nem desminto.

Pois acho muito bonito que descansem, mas a Carris que lhes proporcione condições:
arranjem uns Autocarros do Sono, daqueles onde todos, no seu turno, possam ir fechar os olhos por 5/10 minutos, umas mantinhas para aconchegar e que instale em cada paragem um lavatóriozinho e uma máquina de café para os ajudar a despertar.

Pode ser até que se encontrem na troca do turno e façam um soninho conjunto, que isto de dormir sozinho é só para quem tem ursinho de pelúcia.




'17: best song to screw up on society thoughts and just "let if flow" 
(because "I sleep alone", and them too)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Ler é uma batalha



Dá para criar autocarros para leitores? Motoristas para leitores? Sei lá, vias para leitores?

Uma "livrovia" era capaz de fazer jeito. Com tanto solavanco, o livro ganha vida própria e quem paga é a nuca da Srª da frente e a minha testa.




Mariquices.
Estamos em crise, pois é.





(diz que hoje, lá para os lados da Oceania, andaram a visionar a lua de lunetas escuras)

'10: Best soundtrack for my first trip to the moon (I'm packing)