domingo, 23 de dezembro de 2012

Precocidade

Estação de São Sebastião


O pai: - O que é isso aí que tens na cara?

O filho (com uns 7 anos): - O quê?

O pai: - Tens aí uns 'pentelhitos' na cara, ou é impressão minha?

O filho: - O que é isso?

O pai: - Tens tens. Ai o puto!!!

(...)

O pai: - E tens aí umas borbulhas na cara. Tens que pôr creme.

O filho: - Mas a mãe põe...

O pai: - Então não espalha bem...
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Perdoe-mo-nos, é Natal.


E eis a estrela que este ano encandeia do topo da minha árvore. A verdadeira melodia natalícia que ecoa das luzes coloridas. Espero que traga embrulho, com laçarote cor-de-rosinha.

Amén.




segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Se ao menos chovesse homens...



Aos que adoram despejar nas redes sociais verdadeiras odes românticas às condições meteorológicas adversas, aproveitem: 
escrevam sobre o quão bonito é apanhar uma molha no caminho para casa; 
façam poesia sobre o revirar do guarda-chuva no temporal; 
cantem sobre a passagem de um automóvel a 150 km/h por uma poça de água enquanto estão na paragem do autocarro.


Vida de peão é difícil.
Como no inverno tudo tende a piorar para os nossos lados, solicita-se mais altruísmo aos automobilistas e "inverneantes" piegas - aos primeiros na circulação rodoviária, aos segundos na redução desta época à imagem do "X enrolado à mantinha, à beira da lareira, vendo uma adaptação do Nicholas Sparks e saboreando um chocolate quente".
Um dia faço a protagonista chamar-se Sandy só para vos revirar o sofá.




terça-feira, 13 de novembro de 2012

A descarrilar

Estão duas moças num jogo de equilíbrio no elétrico.
Diz uma para outra:

- Sabes que, para andar nisto, é preciso ter um certo ângulo de abertura de pernas....


                                                                                                                                                                      




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Haloween é...

...regressar a casa às 5h na rede da madrugada e ser esborrachada com beijos na máscara por várias jovens estudantes polacas (extremamente bêbedas, se isso fizer diferença).
Batman? Vampiro do twilight? Nao há nenhum que supere o charme do Ecce Homo.

sábado, 27 de outubro de 2012

Este mês

está a ser frutífero:

- um moço entra para o metro a comer uma banana sem casca. Isto só para questionar: será que ainda não perceberam que ela serve precisamente para facilitar o consumo do conteúdo em locais onde há graus equivalentes de atribulação e falta de higiene? Podem tentar procurar outro alimento com semelhante capacidade, que não irão encontrar;


- uma moça dorme no autocarro com a boca mesmo escancarada, MESMO. Havia lá um pingo de baba, de certeza. Qual instinto de mãe protetora, acorda em sobressalto quando se lhe desmoronam os materiais de arquitetura, mas voltou logo a adormecer com a boca MESMO aberta. Só para dizer que esta podia muito bem ser eu, só que sem os materiais de arquitetura.

- um condutor resolve arruinar-me ainda mais o dia, e bate num carro estacionado. "Tenho uma faixa que diz "bus", mas hoje vou ser rebelde e vou pela que não diz". Mas afinal, o pobrezito, não tinha culpa nenhuma, porque a culpa era toda "da mulher, que estacionou mal o carro". Combinei encontro com ele para daqui a uns anos, no séc. XVII.


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Que é mais tarde do que cedo

Está um maluquinho sentado no banco da frente do elétrico a dar as "boas noites" a todos os que vão entrando.
Entra um utente da bengala.

- Boa noite! (num tom realmente entusiasmado)
- (ao melhor estilo 'olha-me este') Oh, boa noite e boas festas...








Porque ainda não aprendi com o meu avô nada melhor: até amanhã.




domingo, 7 de outubro de 2012

7



Dose de egocentrismo anual: este 7 é o melhor do ano. Não podia ter nascido noutro.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

1



Ela não precisa de um dia para ser comemorada - houvesse quem aplicasse uma taxa (sim, dessas!) sobre quem estivesse mais de 24 horas consecutivas sem A apreciar - mas a sê-lo, não podiam ter escolhido melhor dia: 1. Do melhor mês do ano (cof cof).

Hoje, uma grande vénia também à Rádio, essa senhora que nos traz a Música numa dimensão ainda mais mágica. Acredito que só se conhece o melhor de uma, quando acompanhada pela outra (parece uma frase de uma montagem abichanada que um meloso qualquer colocou no facebook, mas não é).

Um enorme obrigado às duas, por tornarem as minhas viagens mais agradáveis.
Ora tornem as dos outros também, a ver se apanho gente menos azeda no banco do lado.

domingo, 9 de setembro de 2012

Residência para almas impossíveis



Banda sonora para uma saga sem fim à vista.
Um novo lar para 2 personnas mui gratas em qualquer parte do mundo precisa-se.
Ajuda é sempre bem-vinda.
Excepto banheiras de louça com patas em ferro enferrujado.
Um autocarro da madrugada é imperativo.



Gracias.



sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Branco da cidade

Tomara que todos os dias nos cruzássemos com um Jack White à vinda do trabalho. Desejaríamos para sempre que o dia seguinte fosse segunda-feira.
Ainda pensei em lançar um "see ya tomorrow!", mas receei o pretensiosismo.

Nas viagens do resto do dia fingi-me dele mesmo - na sua condição mais turística - e pus-me a observar Lisboa através do vidro como se fosse um outsider (nunca deixarei de ser, na verdade).

É impossível alguém não se deixar absorver por aquilo que vai vendo, e muito improvável que não fique completamente rendido ao encanto daquelas imagens.

Até podem ser tempos de austeridade, mas Lisboa não é, definitivamente, austera. E quase arriscaria dizer que as suas gentes também não, mas o eixo cais do sodré-bairro alto-príncipe real-amoreiras ainda é pouco representativo.
Ainda assim, vê-se o que importa: pessoas acenam e se cumprimentam-se como de se um reencontro após 5 anos de ausência se tratasse; pessoas acabadas de sair do escritório aliviam as suas gravatas para ir tomar uma cerveja à esplanada; pessoas distraem-se da sua leitura para deitar olho e mandar um piropo à moça jeitosa que passa; pessoas rebolam na relva e afagam o dorso do cão com toda a força. Pessoas que, mesmo com tanto sol ao longo do ano, sentem agosto a sério e fazem deste o melhor mês para maravilhar turistas. Tudo corre com descontração. Quando não corre - quando alguém resolve fazer inversão de marcha sobre traço contínuo em hora de ponta -, também tem toda a graça ver as expressões de quem está à volta. Vêm-se mais jovens que em qualquer outra parte da cidade, vê-se mais dinamismo. Mas isso não é novidade nenhuma e existe noutras capitais por esse mundo fora. A diferença é que temos sempre a ponte 25 de Abril ou o Castelo lá atrás, a espreitar, e que, quando sairmos pela porta de trás do autocarro, somos acolhidos nesta atmosfera com a mesma afabilidade. 

Espero também que ele tenha andado por aí depois do triunfo leonino, porque ver pessoas em amena cavaqueira sobre futebol, sem ressentimentos, e ainda com resquícios de uma noite de fervor, não é para todas as ocasiões - e ver um corrimão da marginal cheio de cachecóis verdes e brancos, também não.

O Sr. White pode já rebatizar-se como o Sr. Branco. Eu deixei-me fascinar na vez dele e mudava a minha naturalidade num piscar de olhos (perdoem-me, mas não fui eu que escolhi!)
Se também acabou o dia com um bocejo, ao menos que seja um dos bons, daqueles de coração a transbordar. E que amanhã também assim seja!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

À espera na linha, na linha de espera


Gosto de estações de metro.
Gosto de entrar numa estação de metro e encontrar disto.
Até o resto do dia me pareceu mais agradável...



No meio de greves, atrasos e aumentos, o ML continua a dar-me música, e eu continuo a cair na cantiga.



sábado, 18 de agosto de 2012

Gadjets (com pronúncia francesa)

Decidir sobre a compra de um novo telemóvel devia ser tão fácil quanto escolher o melhor canal de notícias para ver às 6h da manhã.
Devia.
Podia, caso eu não fosse fazer dele meu kit ambulante de primeiros socorros.
Seria, caso eu decidisse seguir o exemplo de uma senhora que há tempos desencantei no elétrico. Durante todo o percurso que fiz, pelo menos - já lá estava antes e continuou depois de sair -, passou o tempo todo a falar/berrar incessantemente ao telemóvel.
Ah, desculpem: "telemóvel". Quando resolveu fechar a tampinha do dito por uns instantes, reparei então que era de brincar, denunciado pelo seu tom cor-de-rosinha e não só. Nenhum embaraço a impediu de o voltar a colocar junto à orelha e continuar a berrar/falar.

Mas acho que não.
Ainda pensei cá para mim: "boa forma de me abstrair dos olhares indiscretos nos transportes", "e assim não corro o risco do telefone começar a tocar enquanto finjo que falo com alguém".

Se a coisa não correr bem, ainda desenrasco uns trocos para ir a um grande armazém oriental. As poucas barbies que tive ainda não estavam adaptadas à era digital...



[Um dia também vou cantar o alfabeto, mas com sotaque quinteiro!]

sábado, 14 de julho de 2012

Spiderman is having me for dinner, tonight

Belisquem-me.

Depois de ontem ter tido a oportunidade única de ouvir uma das músicas com maior capacidade de me transportar para outra dimensão, hoje vou regalar-me com um dos meus álbuns favoritos (dos que a minha curta existência me permite eleger).
Ai.


O melhor disto tudo é que me dá um gozo do caraças poder até voltar a pé (predadores selvagens destas ruas, eu venho com a multidão!) e ver os outros com o carro estacionado quase ao pé da minha casa.

Eu - 1, Carta de condução - 0.




Fascination Street, Disintegration (1989)


Mais épico só seria possível se tivessem tocado esta - a esperança só se foi depois de 3h. Para isso também contribuiu o ambiente estratégico: atrás de um fã envergando uma t-shirt da "The Cure European Tour 2004" e que sufocava a respetiva cada vez que o Fat Bob entoava algo na onda de "we shall be together..." (não raras vezes, já se sabe). Foi, vá, muito amoroso.

sábado, 7 de julho de 2012

Menina bonita não paga mas também não entra

...mas hoje até pagava outro bilhete de TST e ia ao meco ver este Kevin Spacey (nem sei dizer se gosto mais deste se do outro).


Acontece que estou cheia de pó ...na conta bancária.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

sábado, 16 de junho de 2012

(não está) Tudo no sítio certo

Realmente não faço ideia porque é que há pessoas que teimam em divulgar o seu gosto musical nos transportes públicos.
Agora tenho uma moça que todo o santo dia se senta à minha frente e vai desenrolando um reportório que engloba desde Britney Spears 2004 a Jennifer Lopez em espanhol. Creio que a culpa seja da péssima qualidade dos phones, mas ela nao sai impune. Ora se eu, quando ando com o volume máximo, faço constantes testes para me certificar que ninguém à minha volta ouve um mínimo da bass line, não sei se acredito que haja alguém tão distraído ao ponto de colocar todo o autocarro a olhar. Talvez pense que é porque se penteia a meio da viagem, e aí também tem a sua razão.

Mas daqui não vem o mal ao mundo: coloco também os meus limpa-orelha e muda-se a estação.

Tenho andado numa espécie de estágio para o que aí vem. Este estado de ansiedade quase me obriga a conferir que está tudo "certinho-direitinho" para a hora.

Há uns tempos, a Blitz pediu aos fãs que indicassem as 3 músicas favoritas.
"Fãs", sei lá eu o que é isso.
Mas a playlist respondeu.

Pyramid Song
Just


Esta costuma figurar em primeiro, disse ela. Temo que não a vá ouvir, fica para a próxima...

A propósito, já não há bilhetes? Ah é verdade, ele está ali, já desde 2011.

sábado, 2 de junho de 2012

Loading. . .

Em espera.
É esta a mensagem que o visor do meu cérebro tem encaminhado aos meus membros inferiores (ou será ao contrário?). Pelo caminho, os membros superiores detetaram-na e resolveram fazer greve ao blogue. Parecem ter aplicado aquela piada batida do "agora que esperas que eu também esperei 9 meses pra sair lá de dentro"...

É a prova de que, quando deixamos que alguma coisa estanque na nossa vida, tudo o resto parece não querer avançar.

Costumo dizer que vivo num estado crónico de espera. Todos temos que esperar pelo autocarro atrasado da "greve parcial" da Carris, para sermos atendidos para fazer uma reclamação no balcão da TMN, para recebermos a encomenda que os CTT resolveram atrasar. Nada de mais, não fosse tudo em cadeia, juntando-se-lhe mais uma série de imbróglios pendentes desde 1923, aos quais prevejo fim lá para 2025.
O optimismo no seu auge.

Créditos para Maria Aires de Sá, que salienta o contributo fundamental deste meu computador para o atrasar de tudo quanto é processo.




Mas a banda-sonora tem estado à altura da espera. Até já adaptei esta e resolvi que "21" é a idade da libertação. Adeusinho, impecilhos.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

25 de Abril: marcha atrás

E a Carris sempre a surpreender-me. Desta vez, foram os novos métodos de apelo ao "valide verde".

Com a Madalena ainda na cabeça, depois do meu nobby-night concert de quarta à noite, um tal de 28 para Miraflores - mais uma das inovações da Era da Austeridade - aparece para me levar a casa.

Tinha um ar aconhegante, tinha: até o shôr condutor tinha ar de Avô Cantigas. Que há quem entre sem pagar bilhete, já todos sabemos, apesar de ainda me conseguir surpreender com certas manhas que vou descobrindo. Ontem a manha era a mesma de sempre: entrar, passar um cartão qualquer, apitar vermelho, não passar cartucho, o condutor grita "ó-faxabor-tem-que-validar" e todos ignoram.
Só que, depois disso, lembrei-me que estávamos a 25 de Abril: o Avô Cantigas saiu do seu lugar e chamou incansavelmente os alegados infratores à dianteira do autocarro para os fazer pagar. Apareceu um, que entretanto deve ter descoberto um cartão no bolso de trás das calças (boxers de fora dificultam o processo), para validar verde e mandar um ar gingão. Um diálogo agressivo-amistoso seguiu-se mas o nosso avô não esteve com meias medidas e mandou-os sair.
Ai não saem?
'Então já vão ver'...

Começa a fazer marcha atrás ao percurso todo que já tinha andado, e ainda recuou para além da própria paragem onde havíamos todos entrado. Segundo o senhor, "desculpem lá", mas se eles não pagassem nem saíssem não podíamos continuar. E voltámos atrás.


Ora eu, na minha ignorância, pensei: se todos os senhores condutores fizessem isto, ninguém chegava ao destino. Ou chegávamos, mas com o recuo metido a fundo e apanhando o autocarro na paragem contrária à que seria suposto - nada que nunca tenha feito, vá.
Mas afinal, para que servem os revisores?
Para que servem as multas?
Também não gosto de injustiças, mas o condutor conduz, não anda com um cacetete na cintura atrás de quem não compra bilhete, senão ninguém chega a lado nenhum.

Vá lá que, àquela hora, éramos cinco ou seis no autocarro e não havia ninguém com um guarda-chuva pontiagudo para ameçar os trabalhadores da carris (essa pérola de episódio!).


Tensão e 5 minutos depois, lá saíram.
Os meus ossos só queriam ir pra casa, a Madalena só queria ecoar na minha cabeça, mas porque raio os dias têm que terminar assim?

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sim(tonizar)!

Ouvir uma música que gostamos na rádio tem sempre outra emoção.
Ouvir uma música que teima em não nos sair do ouvido numa rádio local, acabadinha de descobrir entre sintonizações de estações de forró e anúncios de frango congelado do talho da freguesia, tem ainda mais emoção.

Ainda para mais, quando estamos naquela fase da viagem em que já não conseguimos olhar mais para o livro, estamos cansados de ter que sintonizar novas estações a cada quilómetro, e todas as músicas do mp3 nos soam a playlists chungas dos anos 90.

As cotoveladas sistemáticas da cliente do banco ao lado e o bichos carpinteiros da senhora da frente - que inclinava e desinclinava o banco a cada 5 minutos - pareceram-me simpatias de domingo.


Mais uma vez, aprendi que não devo desdenhar do que não conheço: encontra-se muita coisa boa nas estações locais e regionais por esse país fora, e não é só em Lisboa que o acto de ligar a rádio me rouba um sorriso idiota.



Vou passar a fazer mais viagens de expresso.
Quero ter mais surpresas destas.



quinta-feira, 19 de abril de 2012

A patinar

Chuva.
Piso Molhado.
Autocarro.
Condutora de automóvel com ramelas nos olhos/tentativa idiota de ultrapassagem.
Taxista mortinho para activar o seguro do carro.

Eu ali, a 50 centímetros.
Encontrão no autocarro.
Táxi revirado.



Estão a brincar, porra?!!!!
Vão acelerar o batimento cardíaco matinal da vossa mãe!
Pra outra via!


...or don't you come at all?
O que nós suportamos por ti, Assunção...

sábado, 14 de abril de 2012

Dia internacional do beijo: sexta-feira 13

Casais apaixonados utentes de transportes públicos: pede-se contenção em manifestações de maior fôlego em horas de ponta.
Ontem, no metro a caminho do trabalho, dois passaram o tempo todo a fazer jus ao dia que se comemorava. Quando paravam, traziam à baila aquele tipo de diálogo produtivo próprio de quem também não se sente à-vontade:

Ela: (inclina a cabeça para o lado)
Ele: O que é que tens?
Ela: Nada.
Ele: Hum. (inclina também a cabeça para o mesmo lado)

E recomeçavam.

Naquela altura senti uma profunda falta dos meus phones a berrar-me nos ouvidos, para não ter que testemunhar aquele strange time. Os meus olhos, que andam habitualmente fixos no teto da carruagem, já nem sabiam para que distância virar. Aquela estória da flor-mistério deve andar surtir efeitos de romantismo na linha azul, pensei eu...


Coisa já de si perturbadora é ouvir as conversas dos outros nos transportes públicos em hora de ponta, quanto mais quando elas incluem muito amasso num metro quadrado para 10 pessoas.

Outra vez, no 742, dois faziam um espalhafato tal que todos à volta se desviavam e os solavancos do autocarro parece que em vez de os separar, ainda os juntava mais. A cada curva, os que estavam ao lado levavam um encontrão duplo.

Note-se que não tenho nada contra estas manifestações, mas por uma questão de comodidade dos outros e segurança dos próprios, aconselham-se percursos menos sinuosos e horas menos congestionadas para este tipo de práticas.

O utente agradece. E a abençoada sexta-feira 13 também.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Insónia de comboio

Se há coisa que enerva no dilema regresso a Lisboa são as quatro (4!) horas de vida útil que se perdem a observar os giestais junto à linha férrea e a ouvir uma sexagenária diferente a cada viagem contar os seus porquês para o fim do mundo.

No início, bastava abrir um molho de apontamentos ou um livro mais aborrecido para que o canto da janela fosse encosto da minha cabeça até ao destino.
Esse é mesmo o pensamento a que recorro para me conseguir empurrar para fora da cama às 5h30, mas ultimamente a sensibilidade do meu sono de viagem é equivalente à dos 'tais' cristais quando o elefante entra na loja.

Ora são as habituais paragens extra que a CP adora dar ao passageiro, ora são os velhotes a berrar ao telemóvel para garantir que a distância física não rouba a mensagem ao receptor.

As conversas com os colegas do lado - sexagenários, mas vá, não só - deixamos de lado. São carradas de capítulos de iluminismo puro, qual Montesquieu.

Nem uma canção mais melodiosa ou um livro de letrinhas tamanho 8 me fazem fechar a pálpebra, coisa que só acontece nos últimos 20 minutos de viagem. O suficiente para andar a deambular o resto do dia pela capital com ar de quem "não chegou a água aos olhos", como diz o meu avô.

Hoje nem isto, que resulta sempre tão bem.

sábado, 7 de abril de 2012

3 in a row



Prometo que é o último post de introdução.

Vim só fingir que ainda me lembro do que aprendi na cadeira de Marketing e chamar à atenção da malta usando o que está na moda.

Foi minha fiel companheira numa noite de aeroporto e é uma das minhas favoritas de um álbum com o qual tenho uma relação de amor-ódio desde o início do ano.


Vai na versão "montagem-sexy-com-james-bond" que encontrei, porque me ando a evitar das versões ao vivo.

(Entretanto a versão "montagem-sexy-com-james-bond" foi apagada do Youtube, mas como insisto e não desisto de evitar as versões ao vivo, ide ouvir ao vimeo se fazem favorzinho)

Desculpem a chatice

...mas não fiz uma introdução em condições.

Olá, este é mais um blog inútil sobre coisas da vida. Belisquem-se.

O título pode iludir, mas eu não nasci em nenhum táxi, mas a ideia para este raio de blog nasceu nos transportes públicos. Belisquem-se outra vez, que isto é inédito!

São os meus melhores amigos, são os meus maiores inimigos, proporcionam-me os momentos mais hilariantes da minha curta existência e os mais deprimentes, como o de hoje, à chuva numa paragem para esperar por um autocarro que me fez perder o comboio do regresso pascal à província. Sim, aconteceu outra vez.

É mais ou menos isto que vai ser relatado aqui.
Menti quando disse que isto não eram desabafos, porque são. Desabafos mascarados de diário de bordo com banda sonora - ou seja, pior ainda.

Desculpem o abuso da palavra "desculpem", mas é frequente.

Desculpem o incómodo

...mas criei mais um blog inútil.
Não tive nenhum ataque súbito de inspiração, não entrei em nenhuma crise existencial cuja solução está na catarse pública, não me deparei com nenhuma súbita vontade de desabafar com a blogosfera.

A verdade é que o endereço ali em cima foi criado há cerca de dois meses e, qual grávida em trabalho de parto, esteve sob apertado controle de inspiração-expiração até que eu resolvesse fazer sair a criança.

Saiu.

Esta é a altura em que me apercebo que a analogia com o ciclo da vida não pode continuar, não apenas porque me recuso a chamar "bébé" ao blog, mas também porque antevejo um destino fatídico ao dito que não desejo a nenhum recém-nascido.


Vejamos o que sai daqui.